segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A idade medida pela comida


         Em período de inferno astral, vulgo aquele mês maldito antes da gente fechar anos, parece que todo mundo que convive comigo entrou em crise de meia idade e está se achando velho. Como tudo na minha vida é ao avesso, ainda não entrei nessa onda, mesmo que o aniversário em questão seja o meu. Tudo bem que não sou parâmetro de idade, ainda sou quase uma criança (sim, tenho 18 anos. Pausa para reação..) e comemoro todos aniversários como se ainda não tivesse fechado uma dezena direito.

         Só que meus amigos não. Parece que entraram abraçados na vibe de querer voltar a ser criança e, entre tantas filosofias absurdas que ouvi nos últimos dias, como ‘querer voltar a ser um óvulo’, uma me fez abrir a visão para um fato que ainda não havia percebido: ‘A gente cresce e começa a gostar de tempero’. Deus, como nunca tinha me dado conta disso?

         Criança que se preste odeia tempero! Nunca vi nenhuma cria gostar de sabores diferentes no seu feijão com arroz de cada dia. Pra que esses pedaços de árvore no feijão, mãe? Folhas de louro? O que é isso? Gostar de cebola, alho, pimenta, shoyo (piá que de verdade nem sabe o que é SHOYO! Deve imagina ser algum personagem de desenho japonês!), entender o que é aquela coisa verdinha que as mães teimam em colocar na comida só pra te fazer ficar tirando depois, vulgo salsa! Se você conhecer algum pestinha que ame comida agridoce, por favor, me diga que escrevo uma errata.

         Com isso comecei a analisar como eu era quando ainda não tinha chegado no 1m80cm que tenho hoje. Sabe o que percebi? Que nunca gostei de salada até meus 13 anos. Achava cerveja a coisa mais nojenta no mundo; aquele gosto azedo e cheiro que me doía o nariz nunca me agradaram até os 16. Café tinha um cheiro ótimo, mas para quê um gosto tão amargo? Hoje não vivo sem. Vinho? Coisa de gente velha! Sushi? Aquele peixe cru com arroz e algas? Nossa, como alguém pode comer isso? Atualmente é minha comida preferida.

         Parece que dá para medir a idade e, principalmente, a maturidade com os nossos gostos e costumes alimentares. Sim, eu sei que isso entra em tudo na vida, como músicas, roupas e afins, mas a comida é algo tão marcante, que deixa tão expresso nossa evolução, que me surpreendi de nunca ter constatado algo tão óbvio antes.

         Acho que a passagem para a vida adulta acontece quando o café se torna necessário para a energia vital. Depois do almoço se toma um cafezinho e pronto! Bem vindo a idade dos problemas! Quando nas noites de sábado a idéia de tomar um vinho lhe surgir, bem-vindo à vida madura. Agora você não é só um adulto, é alguém responsável também. E amigo, quando sugestões de molhos com ingredientes que antes você nem sabia que existiam fora da sua imaginação tão longínqua lhe parecem ótimas pedidas, CUIDADO! Para a velhice crônica é apenas um passo. 

6 comentários:

Piero disse...

Acho que até certo ponto eu não cresci totalmente. Pois continuo sem gostar de café e cerveja, hahahahha. Mas um bom vinho tinto tem seu valor.

Vai ver é por isso que ora eu ajo como um velho, ora ajo como criança, hahahahaha!

Mariana Staudt disse...

Muito bom esse texto, Lari!
Realmente, acho que ninguém faz essa associação de idade e comida. E pior que é tudo verdade! hahaha

Mariana Sebben disse...

Nunca tinha pensado por este lado Lari. Se analisarmos é bem verdade, quando somos mais novos o que interessa é encher a cara; salada? molhos? o que é isso!? HAHAHAHA
Parabéns Lari, cada vez melhor teus textos.

Unknown disse...

Perfeito! Topar que coisas estranhas e aparentemente muito diferentes se unam indica cabeça aberta para não pré-conceituar nada! Maturidade! Mais uma vez muito bom Lari... to indo atrás da editora...

Isadora disse...

Ótimo! Mesmo, talvez, eu sendo uma criança a parte, fico feliz em saber que não sou uma adulta por completo, pois, dependendo do peixe cru e do vinho, permaneceria nos aureos tempos.

Rick disse...

Muito bom...
Mas vou dormir triste:

Tiozão! #fato

Bjs!