sexta-feira, 3 de junho de 2011

A gente não escolhe. (?)

       






        Sempre defendi que somos responsáveis pelas nossas vidas e que temos total autonomia para definir o rumo que ela tomará. Acontece que a cada dia acabo me contradizendo nessa teoria. Graças a Deus! Já pensou chegar ao fim da vida toda tendo as mesmas certezas de quando começou? Que jornada sem sentido que seria.

            A vida, como sempre, vem me mostrando que sou apenas uma mera aprendiz dela. Quando precisava escolher uma profissão, quem me escolheu foi ela. O jornalismo entrou em mim, ou sempre esteve, não sei, e ali ficou se manifestando. Uma força gravitacional me puxava e não houve Medicina ou Direito que fosse mais forte.

 Quando estive entre dois amores, não fui eu quem escolheu entre algum deles. Simples como começou, terminou. Foi o amor que optou por mim. Foi aquele sorriso que me fez sorrir, foi aquele nome brilhando na tela do telefone que me fez querer tremer, foi o beijo que encaixou, foi o cheiro que marcou. Não o caráter impecável de um, mas a química do outro.

 Sempre achei que a minha determinação de Certo e Errado seria o suficiente para que pudesse escolher o caminho a seguir. Pena que quando as encruzilhadas me são apresentadas já estou com os dois pés e caminhando em uma direção. Óbvio que sempre posso voltar atrás e ir pela outra direção. Sempre podemos voltar e concertar nossos erros, ou tentar ao menos.


          Sabe qual minha maior qualidade e defeito? Não deixar de fazer o que quero. Pago o preço das minhas escolhas, mas não fico remoendo nenhuma partícula apassivadora ou pronome relativo SE.

4 comentários:

Laura Pita disse...

"Sempre podemos voltar e concertar nossos erros, ou tentar ao menos."

Sempre podemos voltar ao início e fazer um novo final.

Lindo, alemoa, simplesmente lindo! Sem palavras. Sublime.

Brunno Lopez disse...

Então é louvável que as teorias não sejam exatas ou incontestáveis? Achei a sua curiosa, mais verdadeira do que utópica.
Talvez as nossas decisões estejam atreladas à alguma locomotiva que é abastecida por nossas forças mas dirigida por uma espécie de acaso fantástico, talvez essa seja a definição de naturalidade em potencial, algo que nos soa plenamente aceitável, algo dentro de um senso comum.

Muito bom. De verdade. Todo post que gera diálogo é valioso.

Ismael Gonçalves disse...

Bah... muito bom!
Acredito que somos responsáveis pelo que fomos, e pelo que somos nós.

Parece contraditório, mas ao mesmo tempo a minha opinião é que você tem razão, a vida vive nos escolhendo.

Abraços, e não deixe de manifestar o que tem guardado aí dentro.

Ismael.

Isadora disse...

Poisé, uns dizem 'deixa a vida me levar', outro dizem 'a gente leva a vida que a gente leva'.

Não acredito nem em um e nem em outro, porque vivo nas duas pontas da balança, e é por isso que gostei demais do teu texto, porque ele pende, também, toda a hora.

O acaso, o destino e as ações se unem para uma coisa: dúvida.(?) Aquela que nos da o gosto de levantar todo o dia e ver se vai dar certo..independente do estado de espirito.