Depois que você está quase aprendendo a conviver com o tal do Desamor, surge uma nova fase de vida: o luto. Neste período, mais conhecido como ‘negro’ ou ‘depressão profunda’, as pessoas tendem a se fechar em seu sofrimento; cria-se uma barreira de proteção para esperar as dores pararem e não ver o que está acontecendo com o mundo. Sim, fechar a bolha faz parte do processo de cura.
Passado o luto, deixado pra trás os choros compulsivos e os momentos de depressão infundados que vem e vão como ondas, controlado os picos de humor, aposentada a mania obsessiva de cuidar as redes sociais alheias (ok, nem tanto assim), vem uma nova etapa: a parte em que se volta a viver. Quando nos obrigamos a caminhar com as próprias pernas e parar de sofrer. A parte mais difícil, quando saímos da nossa bolha, ou casulo, como preferirem, para encarar o mundo real outra vez.
Nesse período cada passo é uma vitória; uma troca de olhares com um desconhecido já é motivo de orgulho, dar conversa para o colega no elevador da empresa, não cortar de pronto quando alguém lhe convida para sair.. enfim, cada passo parece que exige mais do que conseguimos realizar, que é maior que nossas pernas. Não tropeçar nelas é uma vitória pessoal. O esforço em si é a própria realização.
O primeiro pós-festa que não se chora, o primeiro beijo que não se pensa no ex, a primeira noite em que a pergunta ‘onde ele está’ não fica latente na cabeça. Tudo isso são conquistas.
Acontece que nada é tão fácil assim. Até se beijar alguém sem comparar com o ex, vai surgir um número absurdo de beijos horríveis que vão te fazer sentir nojo e saudade do que se foi; até surgir alguém que valha a pena o esforço, haverá inúmeros que você se negará a atender o telefone. Ou pior ainda, você atenderá, achará que é o novo Homem da Sua Vida e ele vai se transformar em Só Mais Um em menos de três meses.
Cada tropeço nessa nova etapa é lucro. Vá por mim, depois que a cura estiver instaurada, esses tropeços chamados de Tentativas valerão como experiências e aprendizados.
Um comentário:
E esse processo realmente acontece.
Ao menos, aos que valorizam algo que viveram ao extremo.
Lembrar-se sempre vai ser um exercício automático.
E os relacionamentos são violetamente supervalorizados pela maioria das pessoas.
Lugares conquistados, presentes intermináveis e datas que nunca se podem esquecer.
Voltar pro mundo é isso mesmo que suas palavras relatam.
E no final, a gente viveria mais se não tivéssemos essa fixação em dar nomes aos envolvimentos.
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